O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Marco Túlio Duarte, declarou nesta terça-feira (4) que o órgão não concorda com a medida tomada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) de suspender a exportação de carne para a China. Segundo ele, a decisão interferiu diretamente no preço dos animais para abate.
"Ficamos preocupados, porque entendemos que a doença diagnosticada não oferece risco à sanidade animal ou a saúde humana, já que é um caso atípico. Entretanto, o impacto na comercialização e no abate dos animais foi imediato", explicou ele.
Ontem mesmo, segundo Marco Túlio, vários frigoríficos suspenderam os abates.
"Temos apenas uma planta frigorífica no estado que está habilitada a abater animais para exportação. No entanto, outras unidades também anunciaram a suspensão do abate e isso pode prejudicar o mercado, porque interfere diretamente no preço dos animais", avaliou.
De ontem para hoje, seis frigoríficos anunciaram a suspensão de abates e compra de animais.
O G1 tentou falar com o Sindicato dos Frigoríficos, mas não obteve resposta até a publicação dessa reportagem.
De acordo o Mapa a suspensão das exportações atende a um acordo sanitário entre Brasil e China e é temporária e "protocolar".
A decisão
A decisão do Mapa foi anunciada depois que um caso de encefalopatia espongiforme bovina, a "vaca louca" foi diagnosticado em Mato Grosso.
Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), o caso identificado é atípico e não oferece risco de contaminação de outros animais, ou consequências para a saúde humana.
Ainda de acordo com o Indea, se fosse um caso de "vaca louca" clássica, aí sim, seriam necessárias ações mais rigorosas, pois este tipo da doença pode ocasionar danos ao rebanho e à saúde das pessoas.
Histórico
O Brasil já registrou ao menos dois casos de atípicos de vaca louca, que não apresentam risco de transmissão da doença, segundo a Reuters. Ainda assim, no final de 2012, países importadores decretaram restrições à carne do país, o maior exportador de carne bovina.
No caso atípico de vaca louca, que ocorre de forma esporádica e espontânea, principalmente em animais mais velhos, não há relação com a ingestão pelos animais de ração contaminada.
No caso clássico, a doença é transmitida por ração contaminada com o príon, por ter sido elaborada com produtos obtidos de animais infectados. O Brasil não registra casos desse tipo há mais de 20 anos.