Em análise ao Conexão Poder, o especialista em estratégia geopolítica, Professor Luiz Antonio Peixoto Valle comenta a exacerbação social criada a partir de uma cobertura jornalística excessiva, desproporcional ao fato e feita pela mídia de forma ‘apocalíptica’, o que elevou o medo sobre o coronavírus para níveis radicais, sem balancear a preservação das vidas com o prejuízo a economia do país. “Faltou bom senso e o necessário equilíbrio”, ele diz.
Luiz Antonio comenta que o Brasil e o mundo já tiveram diversas crises de saúde, mas nunca na história recente este assunto foi tratado dessa forma, com manchetes catastróficas diárias e massivas. O professor alerta que esse tipo de cobertura desproporcional, onde todos os demais assuntos ficaram praticamente esquecidos por semanas, causou forte impacto na mente das pessoas. Neste período elas foram bombardeadas diariamente com notícias negativas, o que turvou o seu raciocínio e as abateu emocionalmente, criando verdadeiro pavor, e fazendo com que fizessem concessões que, numa situação normal, não fariam. Como exemplo destas “concessões” cita o fato de autoridades estaduais determinarem medidas coercitivas obviamente desmedidas, ferindo de morte a Constituição Federal e os direitos humanos, inaceitável dentro de um clima de normalidade.
O especialista critica as determinações de lockdown feitas de forma extensiva e sem pesquisas definitivas, sem planejamento com base em números firmes que apontassem a necessidade de uma medida tão radical. A situação subsequente, ele argumenta, gerou uma confusão enorme no país, com as autoridades se confrontando e dando orientações divergentes, não respeitando a jurisdição umas das outras, sendo que a população não sabe mais quem manda ou em quê.
“Pessoas estão sendo presas de forma indiscriminada por andar na rua, por andar na praia. Isso é inconstitucional. Isso não tem base legal. Nem em ditadura se faz isso. Está havendo disfuncionalidade no país, as autoridades estão perdendo credibilidade e os abusos estão sendo aceitos como normais”, critica.
Outra iniciativa que exemplifica a exploração desta “concessão” anormal é a proposta, feita por Gordon Brown (ex-Primeiro Ministro britânico) e Henry Kissinger (ex-Secretário de Estado dos EUA), de um governo global, enquanto durar a pandemia. Aponta ainda que este clima de histeria e terror favorece que grandes conglomerados de investidores de diversas nacionalidades, que agem de forma interligada,
atuem para manipular o mercado e dominar a economia mundial, uma vez que o valor dos ativos se deprecia consideravelmente viabilizando aquisições estratégicas por valores baixos.
“Essa situação é de interesse do xeque-mate global, porque para que eles tenham o xeque-mate precisam primeiro causar uma crise que paralise a economia, e com uma economia paralisada e o caos seguinte, qualquer proposta de mudar radicalmente o sistema vai ser aceita”, argumenta.
Na análise, ele aponta que grandes corporações da imprensa podem estar sendo usadas para isso, já que qualquer veículo de comunicação é uma empresa, e as empresas precisam de recursos. Como os promotores do xeque-mate são também grandes investidores destas empresas de mídia, o jornalista, de forma consciente ou não, pode acabar servindo a esse propósito ao fazer uma cobertura excessiva sobre o coronavírus.
Luiz Antonio observa que, à medida que as pessoas ficam em casa e param para refletir melhor, percebem que há algo estranho, que a situação não tem um alcance tão desastroso como tem sido apresentado, e que é possível conciliar a prevenção necessária com a manutenção de um nível mínimo de atividade econômica. Ele considera que cabe à parcela de jornalistas, com maior responsabilidade da mídia, aguçar essa reflexão na sociedade e com isso permitir que o momento seja vivido com maior moderação, evitando um caos econômico e social, que pode matar mais do que a pandemia.
“Cabe a essa parcela agora, vir à superfície e fomentar a reflexão sobre esse assunto. É isso que espero dos jornalistas responsáveis, trazer esse momento de reflexão e moderação, em que a gente saia da pura emotividade e caminhemos para a racionalidade moderada”, pontua