Apresentado em dezembro passado após o brutal assassinato de quatro mulheres da mesma família em Sorriso, o projeto de lei “Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores Sexuais”, de autoria da senadora Margareth Buzetti (PSD), começa a tramitar com o retorno dos trabalhos legislativos nesta semana. A proposta tem como objetivo tornar público o nome do réu e os detalhes do crime, após condenação em primeira instância.
“Nós temos que ter esse cadastro para poder pesquisar se o cara que está trabalhando na creche, na nossa casa, não é um pedófilo. Não existe ex-pedófilo, não existe ex-estuprador”, declarou a parlamentar na terça-feira (29), durante o anúncio da criação da Superintendência de Políticas Públicas para as Mulheres – SER Família Mulher, no Palácio Paiaguás, em Cuiabá.
Em dezembro, Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, assassinou mãe e três filhas, dentro da residência delas, no município de Sorriso. Os requintes de crueldade do crime, que também envolveram o estupro de três das vítimas, chocaram todo o país. A situação causou ainda mais revolta quando veio à tona a informação de que ele já era foragido por ter cometido o mesmo crime em Mineiros-GO. Ele também é acusado de latrocínio contra um jornalista.
Após a chacina da família em Sorriso, a senadora lembra que foi pesquisar os projetos em andamento que tivessem como objetivo aumentar a segurança no país.
“Vi que o agressor que estupra, que mata, o pedófilo, não aparece em nenhum cadastro, o nome dele é escondido porque corre em segredo de Justiça. Então eu apresentei um projeto chamado ‘pedófilos e predadores sexuais’, o cadastro nacional de pedófilos e predadores sexuais. Todo mundo disse que é difícil de aprovar, vamos lá, vamos mostrar. Quer dizer, a vítima tem que ser preservada, mas o agressor? Preservar o nome do agressor? Não é possível”, comentou a parlamentar.
Margareth Buzetti reforça que os números de vítimas de crimes dessa natureza são alarmantes e que é urgente que sejam criadas legislações mais severas, que estabeleçam penas mais duras.
O crime
As vítimas foram mortas na sexta-feira (24), entretanto os corpos só foram localizados na segunda-feira (27), mesmo dia em que Gilberto foi detido. O bandido trabalhava em uma obra ao lado da casa das vítimas.
Na noite de sexta, ele invadiu o imóvel pulando a janela do banheiro e cometeu os crimes. Em seguida, voltou para a obra, retirou as roupas sujas de sangue e guardou em um contêiner. Na segunda-feira, quando a polícia chegou no local, ele agia normalmente, como se fosse apenas mais um popular "curioso" sobre o crime, assistindo a cena com os colegas de trabalho. Quando a polícia realizou diligências na obra, ele apresentou apenas a cópia da identidade como documento.
Durante checagem dos dados pessoais, a equipe policial apurou que contra ele havia dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio. Questionado, ele ficou nervoso e alegou que não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana. Na casa, a perícia da Politec encontrou marcas de chinelo no piso manchado com sangue.
Ao vistoriar os pertences do criminoso, os agentes encontraram um chinelo com as mesmas características das marcas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado marcado no piso.
Após ser questionado novamente, o assassino confessou ter cometido os quatro homicídios.
Em confissão à polícia, ele deu detalhes do crime. Ele contou que estuprou três das vítimas enquanto elas ainda agonizavam, após serem esfaqueadas por ele.