O presidente Jair Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada nesta sexta-feira (30), na véspera do fim do seu mandato, e embarcou no avião presidencial rumo aos Estados Unidos. O avião decolou no início da tarde e deixou Brasília.
Por volta das 17h, a aeronave pousou no Aeroporto Internacional de Boa Vista, em Roraima, para abastecer. Pouco depois das 19h, já havia deixado o espaço aéreo do Brasil, com destino a Orlando, na Flórida.
Acompanhamento em tempo real do voo de Bolsonaro mostrou que, pouco depois das 19h, o avião presidencial já havia deixado o Brasil e começava a entrar no Caribe — Foto: Reprodução
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tomará posse no domingo (1º). Com a viagem, Bolsonaro deixa claro que não vai passar a faixa presidencial para Lula no evento da posse.
Na manhã desta sexta, no "Diário Oficial da União", o governo publicou uma autorização para que servidores públicos que vão ser assessores de Bolsonaro quando ele deixar a Presidência acompanhem o presidente na viagem aos Estados Unidos.
Mais cedo, nesta sexta, Bolsonaro fez a última live do mandato. O presidente passou as últimas semanas, desde que perdeu a eleição, recluso no Palácio da Alvorada e longe das transmissões que costumava fazer nas redes sociais.
Na última transmissão ao vivo do mandato, Bolsonaro condenou atos de terrorismo cometidos por apoiadores dele e fez um balanço dos quatros anos de sua gestão.
Logo no início de sua fala, ele comentou o caso do homem que plantou um explosivo em um caminhão de combustível perto do aeroporto da capital federal.
O presidente se queixou de que atitudes de violência política no país são sempre atribuídas a "bolsonaristas".
No entanto, George Washington, o homem preso pela bomba, relatou à polícia que participou de atos antidemocráticos realizados por apoiadores do presidente. Disse ainda que sua intenção era iniciar o "caos" e que agiu por motivação política. A bomba não chegou a explodir.
"Hoje em dia, se alguém comete, um erro é bolsonarista. Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de ato terrorista na região do aeroporto", afirmou o presidente.
"O elemento que foi pego, graças a Deus, que não coaduna com nenhuma situação, mas classificam como bolsonarista. É o modo de tratar", completou.
O presidente também comentou os acampamentos de apoiadores em frente a quartéis-generais do Exército em cidades do país. Os acampamentos fazem pedidos inconstitucionais, como intervenção militar e reversão do resultado das eleições.
Para Bolsonaro, as manifestações são espontâneas e não são lideradas por ninguém. Ele afirmou que não tem participação nos atos.
"Eu não participei desse movimento. Eu me recolhi", afirmou Bolsonaro.
Ao longo da transmissão, o presidente chegou a embargar a voz algumas vezes e a fazer pausas prolongadas na fala. Um desses momentos foi quando ele lembrou os "sacrifícios" de quem esteve ao seu lado no mandato, e citou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Outra ocasião foi quando disse que o Brasil "não acaba em 1º de janeiro".