Começar uma família depois de se casar e ter vontade de ter filhos é o sonho de quase todo casal. Alguns casais podem não conseguir a tão sonhada família pelos meios tradicionais, mas isso não impede que eles consigam uma por outros métodos.
Temos como exemplo o casal Wilson Nunes Rosa Júnior, de 31 anos, e Cristiano Carlos Nunes Silva, de 35. Eles sempre sonharam em ser pais, e com a ajuda da barriga solidária da prima de Carlos os dois conseguiram realizar esse sonho.
Os gêmeos Ian e Gael nasceram prematuramente e ficaram internados por duas semanas, mas eles já tiveram alta do hospital em Santos, no litoral de São Paulo, na terça-feira dessa semana.
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Em entrevista, o empresário Wilson Nunes Rosa Júnior contou que ele e o engenheiro de produção estão juntos há 5 anos. “Nos conhecemos em um churrasco na faculdade, e o Carlos sempre quis ser pai. Ele sempre teve essa vontade, esse desejo de ser pai. Antes do nosso relacionamento ele tentou adotar, mas não conseguiu”, contou.
“Depois de 2 anos entramos nesse processo de adoção, porém foi uma burocracia muito grande. Aqui no estado de São Paulo tem uma fila de espera muito grande para recém-nascido. Então começamos a pesquisar sobre a fertilização in vitro, conversamos com nosso médico, Dr. Condesmar Marcondes, e ele falou que era possível barriga solidária até parente de 4º grau”, continuou Wilson.
Segundo Wilson, o casal sempre planejou ter gêmeos. “É uma oportunidade única ser pai, ainda mais por causa da dificuldade de um casal gay, então a gente quis colocar os dois porque eu ia ter um dado genético no mundo e ele, meu marido, também”, explicou.
Na busca por dois óvulos em um banco de doação, o médico também ajudou o casal nessa procura. “Uma coisa incrível que gosto muito de frisar, mas que acho que as pessoas ainda não entenderam, é que os meninos são irmãos de sangue porque são do mesmo óvulo, a mesma mãe doou dois óvulos, então são irmãos de sangue de dois pais. Uma coisa bacana que une mais ainda o laço de sangue”, disse o Cristiano.
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Além disso, o engenheiro explicou que a clínica era bem estruturada e ajudou o casal em todo o processo. De acordo com ele, ambos saíram da primeira consulta com um telefone de assessoria jurídica, que é voltada à área da saúde, e também com contato de psicólogo.
“Tanto eu quanto o Wilson fizemos toda uma bateria de exames. É um pacote que demora mesmo, a pesquisa genética demorou de 3 a 4 meses para ser concluída“, lembrou.
De acordo com Cristiano, as crianças têm compatibilidade sanguínea com os pais e também com a doadora anônima dos óvulos, mas não com Milena, que foi a barriga solidária.
“A Milena cedeu, serviu de barriga solidária, ela se deu para a gente durante esse tempo e isso é uma prova de amor muito grande“, explicou ele.
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Os bebês nasceram no dia 25 de junho, prematuros de 32 semanas. Segundo Isadora Santalla, enfermeira obstétrica do Hospital São Lucas, eles chegaram ao hospital com Milena já em trabalho de parto prematuro.
“Os bebezinhos queriam vir antes das 37 semanas, então a gente seguiu o protocolo médico do obstetra deles, que acompanhou todo o caso. A recomendação era entrar com uma medicação para tentar inibir esse trabalho de parto para tentar segurar um pouquinho mais a gestação”, disse ela.
Depois da medicação dada, foi feito uma cardiotocografia, que é um exame para verificar a vitalidade da criança dentro do útero. “Mas falei para eles que quando o bebê quer nascer não tem o que segure“, pontuou Isadora.
A enfermeira lembrou que toda equipe do hospital tentou tranquilizar o casal quando viu que não seria possível segurar os bebês na barriga de Milena. É lógico que tem o medo, tem o nervosismo pelo nascimento antes da hora”, ressaltou ela.
Na internação, a enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, Nayara Malheiros, acompanhou os gêmeos durante os 17 dias que eles ficaram por lá e disse que a energia positiva dos pais fez toda a diferença para evolução dos filhos.
“Foi um processo bem surpreendente porque eles nasceram de 32 semanas e, geralmente, os bebês ficam um tempo prolongado na UTI. Eles tiveram uma evolução muito boa e muito rápida”, contou.
“É uma batalha agora que a gente vai correr, é tudo muito novo e diferente. O hospital conseguiu ajudar a gente como amamentar, como dar banho, estamos nervosos, mas ansiosos para chegar esse momento nós dois e eles em casa, que finalmente a ficha vai cair que viramos pais de verdade, que não tem ninguém nos observando, e que nós estamos por eles”, disse Wilson.
Cristiano definiu a experiência do casal até o momento como uma montanha-russa. “Você não sabe o momento que está subindo e descendo. Todo dia um frio na barriga. A gente fala e se arrepia, é um sentimento que você não explica, que você sente. A gente está muito feliz”, disse ele.
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A ideia de ser barriga solidária para o casal, segundo a vendedora Milena Oliveira Costa, de 41 anos, surgiu dela mesma. E ela conta que eles não imaginavam que ela teria essa atitude.
“Decidi fazer para eles de coração por causa de uma desistência de uma pessoa, e a minha relação com meu primo é ótima, maravilhosa, então eu sei o quanto eles queriam ser pais. Hoje sou uma mulher mais madura, como mãe, como filha, como tudo. Espero que com essa atitude que eu tomei, que não é fácil, possa tocar várias famílias. Espero que as pessoas abram mais o coração porque o mundo está muito fechadinho com esses assuntos, que com essa minha atitude o mundo seja mais evoluído”, disse Milena.