Mais transmissível e infecciosa, o avanço da dengue “cosmopolita” é motivo de alerta em Mato Grosso. De acordo com a Secretária de Estado de Saúde (SES-MT), o genótipo cosmopolita sorotipo 2 já circula em Cuiabá, Nortelândia e Sorriso. A nova cepa foi confirmada, pela primeira vez em Mato Grosso, no ano passado em uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Laboratório Central de Mato Grosso (Lacen-MT).
No Estado, dados do último boletim epidemiológico da SES apontam que o número de casos notificados de dengue já passa de 25 mil. Já foram confirmados 6 óbitos e outros 7 estão em investigação. O Estado segue com a classificação de risco alto para a doença com alta incidência em 50% dos municípios.
O atual cenário e o comportamento altamente transmissível da nova linhagem preocupa especialistas. O vírus da dengue (DENV) é um arbovírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e tem quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
Cada um deles pode se dividir em diferentes linhagens ou genótipos por causa das variações genéticas sofridas. A linhagem encontrada no Brasil é uma das 6 do sorotipo 2 da dengue, considerado por especialistas o mais virulento dos 4 sorotipos.
Diretora do Lacen-MT, Elaine Cristina de Oliveira explica que o número de cidades aumenta cada vez que são analisadas novas amostras e o novo genótipo preocupa, pois ainda não há muitas informações a respeito desta variante, mas é possível afirmar que ela é mais transmissível.
“Não temos ainda histórico de mortalidade, nem nada do tipo, pois pesquisas ainda estão sendo feitas sobre o cosmopolita, mas o que sabemos e que nos deixa em alerta é sua alta capacidade de transmissão, mais que as variantes que já circulam no estado há anos”. Por ser um genótipo associado à maior transmissibilidade, um maior número de pessoas pode se infectar ao mesmo tempo.
Elaine Oliveira lembra que no estado vizinho, Mato Grosso do Sul, estudos já mostram que 100% dos casos estão relacionados ao cosmopolita.
Cuiabá e VG possuem risco médio
Cuiabá e Várzea Grande seguem apresentando aumento no número de casos de dengue. Os dois estão classificados com risco médio para a doença que teve um crescimento de 37,7% e 256,5%, respectivamente.
Na capital são 639 registros e a incidência chega a 102 casos a cada 100 mil habitantes. Em Várzea Grande são 524 casos com incidência de 180 a cada 100 mil ha. O município tem uma morte em investigação. Dados do boletim epidemiológico apontam que, em Mato Grosso, 70 municípios estão em alerta máximo para a dengue, entre eles estão Ponte Branca, que tem a maior incidência do estado com 12.459/100 mil, Tangará da Serra, Rondonópolis, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger, Cáceres e Primavera do Leste.
Chama a atenção também Nova Xavantina, que está entre as de alto risco para dengue, com duas mortes em investigação, e é a única do estado que aparece com alto risco para zika com 169 registros.