O dinheiro investido na produção de alimentos, commodities ou não, no Brasil é uma frequente pedra no sapato do agricultor. Em todo início de cultivo, os homens do campo reclamam da carestia, mas já contam com reajustes nos custos de produção. Em 2021, esta pedra no sapato está incomodando mais que o habitual, principalmente em culturas como a soja. Até agosto de 2021, estima-se que o custo da safra 2021/22 já superou 22,15% o total investido na temporada anterior, com valores consolidados em 2020.
Conforme o banco de dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo total da safra de soja passada foi de R$ 4,2 mil. Já em 2021, o custo previsto até agosto supera em 22,15% o total da temporada passada, chegando a R$ 5,13 mil por hectare. O levantamento ainda aponta quais são os itens que mais atormentam os sojicultores em 2021.
No cultivo da safra 2021/22, fertilizantes e defensivos agrícolas foram as maiores pedras no sapato do sojicultor. Os dados mostram que, até agosto deste ano, fertilizantes, corretivos e defensivos correspondem a mais de 45% do custo da produção da soja 2021/22 em Mato Grosso. Desse total, o maior peso vem do item fertilizantes e corretivos, que registrou alta de quase 25%. Já os defensivos sofreram encareceram cerca de 21%.
Em números, o produtor saiu de um gasto de R$ 910 para compra de fertilizantes em 2020, para pagar R$ 1,13 mil em agosto deste ano. Já o gasto médio com defensivos saiu de R$ 940 para R$ 1,06 mil. Os números são referentes a um hectare plantado de soja.
Os custos de produção de 2021, ainda não consolidados, podem sofrer mais reajustes e encerrar o ano bem mais alto, caso a lavoura sejam alvo de intercorrências como as do clima e incidências de pragas, por exemplo.
PRESSÃO - Em análise feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no encerramento de agosto, especialistas do segmento fizeram o alerta: o preço dos fertilizantes sobe com força e impõe desafios aos produtores.
No balanço geral, a entidade pontuou os desafios esperados pelos produtores brasileiros para iniciar o plantio da safra 2021/22 neste mês de setembro. No destaque estavam os fortes reajustes dos preços médios dos fertilizantes nos mercados internacional e nacional.
O levantamento feito pelo Cepea mostra que o preço médio da tonelada da ureia acumula alta de 28,14% em Mato Grosso entre janeiro e julho de 2021. “O valor médio do final do primeiro semestre de 2021 foi o maior desde outubro de 2008”, afirma.
Já no caso do MAP (fosfatado monoamônico), a cotação média da tonelada subiu 46,8% e o preço médio da tonelada do cloreto de potássio acumulou elevação de 64,77%, em Mato Grosso.
Conforme a pesquisa do Cepea, estima-se que o gasto com fertilizantes para a produção de soja na safra 2021/22, na região de Sorriso (MT), teve um acréscimo de 41,8%. Na mesma região, o gasto total da soja orçada para safra 2021/22 deve apresentar uma alta de 23,4%.
Para avaliar o impacto da alta dos fertilizantes e dos demais itens que estruturam o custo de produção da soja, foram considerados os dados técnicos levantados pelo Projeto Campo Futuro da safra 2019/20 e os preços dos insumos atualizados mensalmente pela equipe do Cepea.