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Quinta-Feira, 05 de Maio de 2022 19:40

Mendigos têm o dever cívico de passar fome, diz pastor nas redes sociais

Mendigos têm o dever cívico de passar fome, diz pastor nas redes sociais REDE SOCIAL

O pastor Marcos Granconato publicou em uma rede social um post defendendo que “mendigos têm o dever cívico de passar fome”, supostamente baseado em um texto bíblico (em referência ao versículo 10, do capítulo 3, do livro 2 Tessalonicenses). Líder da Igreja Batista Redenção de São Paulo, ele é ativo nas plataformas digitais, principalmente em sua conta no Facebook, na qual publica vídeos de suas pregações.

Muito ativo nas redes sociais, o pastor também costuma fazer publicações com teor armamentista. Em uma delas, ele publicou uma imagem de um alvo com aparentes perfurações de tiro, seguida da legenda: “Preciso ajustar a mira”. Nesta segunda, o pastor afirmou, em um post, que, “se alguém derramar o sangue do homem [...] pelo homem se derramará o seu”, novamente usando como referência outro texto bíblico.

Após ser questionado por uma série de seguidores, devido ao teor da publicação — que teve mais de 230 comentários —, o pastor limitou as pessoas que poderiam comentar. Publicações com esse teor são recorrentes na conta de Granconato, que tem 4.999 amigos e mais de 20 mil seguidores no Facebook. No Instagram, o pastor tem outros 32 mil seguidores.

Em outra publicação, ele diz que, em “países comunistas, o Evangelho é perseguido, massacrado e silenciado”, enquanto que em “países capitalistas, o Evangelho é livre para buscar seus santos ideais”. Em postagem também recente, o pastor também publicou uma charge sobre a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, afirmando que “agora os dois lados vão poder falar”.

A publicação também teve os comentários restritos após posicionamentos divergentes de amigos e seguidores. Na mesma rede social, o pastor fez uma publicação com uma arma calibre 12, seguida da legenda “cajado moderno”.

Granconato chegou à liderança da congregação, localizada em São Paulo, em 25 de janeiro de 1997, para substituir o pastor Agostinho Soler. Ao GLOBO, o pastor afirmou ser conservador e que tem consciência “regida pelas Sagradas Escrituras”. Ele disse defender, estimular e promover o socorro aos pobres e necessitados, mas diz tratar de um grupo específico.

— [os pobres que cita no post são] um grupo de pessoas que, por pensar que a volta de Cristo estava próxima, tinham parado de trabalhar, passando a viver às custas dos outros. Paulo [de Tarso, escritor e teólogo que escreveu boa parte dos livros do Novo Testamento] as classifica como “os que vivem desordenadamente”. Eram pessoas saudáveis, jovens, capazes que, simplesmente, decidiram viver no ócio aproveitando-se de uma desculpa aparentemente justa (Cristo está voltando) — justificou.

O pastor disse ainda que os pedintes com os quais tem contato são, em geral, “pessoas jovens, fortes, inteligentes, saudáveis e capazes, que, ao que parece, simplesmente optaram pela mendicância por considerar esse modo de vida, livre de trabalhos e responsabilidades, mais adequado aos seus interesses”.

— A essas pessoas, o Apóstolo aplica um princípio perene: “Você não quer trabalhar, então também não deve comer”. Isso seria assumir as consequências do estilo de vida que a pessoa mesma escolheu para si e não existe maldade nenhuma em recusar ajuda a indivíduos assim. Pelo contrário, dar comida a essas pessoas seria premiar, incentivar e promover o ócio, o que é pecado — concluiu.

 

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Fonte: O GLOBO

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