A morte de cinco crianças na UTI neonatal do Hospital Estadual Santa Casa, por conta de uma bactéria multirresistente, trouxe preocupação para pais de recém-nascidos e crianças de colo em todo o Estado. Segundo o infectologista Tiago Rodrigues, existem sim motivos para se preocupar, especialmente porque, um dia, todos precisarão dos serviços de saúde.
A principal causa da chamada “superbactéria” é o uso indiscriminado de antibióticos, que acaba dando resistência ao microorganismos.
“A principal mensagem deve ser para as pessoas pararem de usar antibióticos sem indicação correta. Para os pais pararem de dar antibiótico para seus filhos sem necessidade!”, diz Tiago.
O médico ressalta que o termo “superbactéria” foi criado pela imprensa para ajudar a população a entender o contexto das infecções, mas a denominação correta é “bactéria multirresistente”. Além disso, conforme o especialista, os locais mais comuns de infecção são justamente os ambientes hospitalares.
“Em se tratando das multirresistentes, elas são mais comuns nos serviços de saúde, principalmente nas UTIs, devido ser um local onde usamos muitos antibióticos. Esse contato frequente com antibiótico faz as bactérias daquele local desenvolverem meios de resistir à essas substâncias”, disse.
Quando uma bactéria se torna resistente a três antibióticos diferentes, ela se torna um grave problema, que afeta especialmente pacientes de unidades de terapia intensiva.
“Apesar de serem mais comuns nos serviços de saúde, já temos bactérias multirresistentes na comunidade, há muito tempo. Tudo isso é um baita desafio para a medicina. As bactérias multirresistentes são classificadas pela OMS como um dos 3 maiores problemas de saúde do mundo”, disse.
De acordo com o médico, as pessoas mais vulneráveis à infecções por bactérias multirresistentes são crianças com menos de 2 anos, idosos e pessoas com comorbidades. A prevenção é necessária, mas extremamente complexa.
“Prevenir e combater as bactérias multirresistentes é extremamente complexo. As duas estratégias mais fáceis e relativamente acessíveis são: uso racional de antibióticos e higienização das mãos antes e após tocar em um paciente internado”, explica.