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Quinta-Feira, 06 de Junho de 2024 15:01

MT: CV comprava casas noturnas e proibia show de MC Daniel; Rivalidade entre as facções decidia agendas

Integrantes do Comando Vermelho compraram bares e casas de festas em Cuiabá e uma das determinações feitas pela facção é que não fossem permitidas apresentações do cantor nacional MC Daniel. O motivo seria porque o artista é de São Paulo, onde a facção rival, Primeiro Comando da Capital, tem domínio. A informação foi revelada pelo delegado da Polícia Federal Antônio Flávio Rocha, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (05), data em que foi deflagrada a Operação Ragnatela.

A ação teve objetivo de desarticular o núcleo da maior facção do estado de Mato Grosso, o Comando Vermelho, responsável por lavagem de dinheiro em casas noturnas cuiabanas.

Em dezembro de 2023, um integrante desse esquema trouxe MC Daniel a Cuiabá e foi punido pelo grupo com a pena de ficar sem realizar shows e frequentar casas noturnas pelo período de dois anos.

Um dos casos que aconteceu durante o curso das investigações, foi que um cantor nacional foi proibido de realizar seu show por integrantes do Comando Vermelho. Na ocasião, o contratante do show que é um assessor parlamentar foi punido, e está proibido de participar da organização de qualquer evento da facção”, explicou o delegado. 

À época, MC Daniel chegou a deixar o palco devido às vaias e os xingamentos vindo do público. 

Lavagem de dinheiro

Segundo o delegado, a organização criminosa adquiriu diversas casas noturnas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. Uma das casas foi comprada por R$ 800 mil em dinheiro. 

 

Participação de vereador

O vereador Paulo Henrique (PV) foi alvo de um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Ragnatela. Segundo apurou a reportagem, todos os funcionários do seu gabinete também foram alvo da polícia. O parlamentar, que tinha direito a acompanhamento jurídico da Câmara, optou por não acionar a Procuradoria-Geral do Parlamento municipal.

Segundo as primeiras informações divulgadas, o vereador ajudava a conseguir licenças por meio de fiscais da Prefeitura da Capital, atuando para beneficiar o grupo do Comando Vermelho. Ele ajudava a casa de shows comandada pela facção e em retorno recebia benefícios financeiros. Um policial penal também estaria envolvido no esquema.

“Alguns shows, não todos, mas eventos realizados por esse grupo criminoso, o custeio da realização desses eventos, boa parte deles vinham de atividades lucrativas da facção criminosa investigada. […] Não foi identificada participação de nenhum artista, apenas a promoção de eventos”, assinalou o delegado.

A primeira vez que o cantor carioca MC Poze esteve em Cuiabá foi em 25 de junho de 2022, na Acrimat, e o evento foi promovido pela Dallas Eventos e G12. A Dallas também chegou a promover show com MC Poze no Dallas Trap Festival em 1 de novembro de 2022, também no parque de exposições.

Na terceira vez em solo cuiabano, o funkeiro esteve em 16 de julho de 2023 no pavilhão da Acrimat no Parque de Exposições . Os ingressos custaram a partir de R$ 80,00 (área vip) e R$ 2.500,00 o bangalô para até 10 pessoas e um dos pontos de vendas fixos era na Distribuidora do Dallas.

Prisão em Mato Grosso

MC Poze foi preso durante um show no município de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá) no ano de 2019. No local foi constatado apologia ao crime, tráfico de drogas, uso de bebida alcoólica e drogas por menores. Na época, a polícia alegou que a festa seria realizada pela facção Comando Vermelho. Poze ficou detido por 6 dias e foi transferido à Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.

Operação Ragnatela
Investigação apontou que os criminosos que participavam da gestão das casas noturnas em Cuiabá utilizavam a estrutura para fazer show de cantores conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters. Os acusados repassam ordens para não contratar artistas de outros estados, com influência em outras organizações criminosas rivais, sob pena de represálias da facção. 

Repórter MT

 

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