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Quinta-Feira, 22 de Dezembro de 2022 20:44

MT: Jornalista preso suspeito de agredir namorada permanece em silêncio durante depoimento; Juiz cita que apresentador acreditou na "impunidade"

O jornalista Lucas Ferraz, suspeito de agredir a namorada em uma festa de confraternização da empresa onde trabalhava, em Tangará da Serra, a 242 km Cuiabá, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (22). De acordo com o delegado Gustavo Espíndula de Souza, ele ficou em silêncio. A defesa cita “obscuridades” no caso e a inocência do apresentador.

Ferraz nega as acusações, assim como a vítima, de 20 anos, que chegou a confirmar as agressões, mas mudou sua versão também durante depoimento, quando alegou que se feriu sozinha durante uma crise de ansiedade. Porém, segundo a polícia, o laudo da perícia indicou que as lesões não foram causadas por ela mesma.

O suspeito foi preso na tarde de quarta-feira (21) em cumprimento ao mandado expedido pela Justiça e é investigado por violência psicológica e lesão corporal, crimes que independem de representação da vítima contra o suspeito, conforme a Lei Maria da Penha.

“Por fim, a prisão cautelar visa resguardar o meio social em face da repercussão da conduta delituosa, impedindo o descrédito do Poder Judiciário e dos órgãos persecutórios, eis que a brutalidade do delito viola a tranquilidade do meio social e que representa uma grave ameaça à integridade física da vítima e sua família, gerando a sensação de impunidade e descrédito pela demora na prestação jurisdicional, de tal forma que, havendo formus boni iuris, não convém aguardar-se até o trânsito em julgado para só então prender o indivíduo”, diz trecho da decisão dada pelo juiz plantonista Pedro Davi Benetti. 
 

Após o depoimento, o jornalista foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito e, posteriormente, ao Centro de Detenção Provisória, onde passará por audiência de custódia.

O advogado Marcos Vinícius Borges, que representa Ferraz, alega que o laudo da perícia é inconclusivo e que a inocência do jornalista será provada à Justiça.

“Consta que há lesões que foram causadas por terceiros, porém não traz conclusão lógica da maneira como tudo ocorreu. Agora, cabe levarmos ao Judiciário as obscuridades que existem nos fatos para requerer que o mesmo possa ser reintegrado normalmente à sociedade”, disse à TV Centro América.

A defesa também apontou que não houve indiciamento de Ferraz quanto a outro caso de violência doméstica e o que existe um boletim de ocorrência registrado por uma ex-companheira. O delegado confirma a informação, que também já havia sido repassada pelo jornalista em entrevista ao g1. De acordo com ele, existe uma “disputa judicial” entre os dois.

“Ele é uma pessoa pacífica, possui carreira firmada e a defesa entende que o caso tomou grande repercussão por se tratar de uma pessoa pública. Porém, nós acreditamos que tudo será esclarecido e que a inocência dele será provada”, disse Borges.

 

Entenda o caso

 

Lucas Ferraz era, até então, apresentador da TV Vale, afiliada à Record TV em Tangará da Serra, e estava na festa de fim de ano da empresa com a mulher, de 20 anos. Eles moram juntos. Na confraternização, segundo a polícia, eles tiveram uma briga que teria sido causada por uma crise de ciúmes do jornalista, que, conforme o boletim de ocorrência, agrediu a jovem com socos.

Com o rosto machucado, ela foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tangará da Serra por pessoas que estavam no evento. Entre elas, o chefe de Ferraz. Durante o atendimento, a vítima contou ao médico que havia sido agredida e a Polícia Militar foi acionada. Segundo os policiais, no registro da ocorrência, a vítima tinha vários hematomas no rosto.

Porém, dois dias depois, quando foi ouvida pela Polícia Civil, negou que o marido a agrediu e que se machucou sozinha, durante crise de ansiedade. O delegado, baseado no laudo pericial, diz que os ferimentos têm características de que foram causados por outra pessoa e acrescentou às investigações áudios da própria vítima acusando o marido e o relato de testemunhas que estavam na confraternização.

Em entrevista ao g1, o jornalista negou as agressões, disse que não tocou “em um fio de cabelo da esposa” e lamentou que as condições psiquiátricas dela viessem a público diante da repercussão do caso. O casal, nas redes sociais, fez diversas publicações reforçando as versões apresentadas – e contestada pela polícia.

O Grupo Agora Comunicação informou que o apresentador foi demitido na segunda-feira (19). Em nota, disse ainda que é contrário a qualquer tipo de violência, em especial, contra a mulher.

 
Fonte: G1MT

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