A Justiça Federal acolheu o pedido do Ministério Público Federal (MPF) e manteve a prisão preventiva do engenheiro agrônomo Kaio Furlan Andreasse, suspeito de atear fogo em pneus na BR-163, na região de Sinop, no norte do estado, durante bloqueios e movimentos antidemocráticos, no início do mês.
A decisão foi assinada pelo juiz federal da 5º Vara de Mato Grosso, Jefferson Schneider, e publicada nessa segunda-feira (17).
Kaio foi preso em flagrante sob a acusação de crime de incêndio, atentado contra a segurança de meio de transporte e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A defesa dele havia pedido a revogação da prisão preventiva, alegando que não existiam provas suficientes para a decretação de prisão, e que o detido seria o único responsável pelos cuidados da mãe. Além disso, também pediu que fosse reconhecido o direito à cela especial.
O MPF, no entanto, se manifestou contrariamente ao pedido da defesa, mas reconheceu o direito à cela especial.
De acordo com a Justiça, a defesa não apresentou nenhum fato novo para justificar o decreto de prisão preventiva. A alegação de ser único responsável pela mãe e que ela estaria interditada não teve embasamento nos documentos apresentados. Além disso, a mãe do engenheiro mora em outro estado e a interdição dela está sendo discutida judicialmente.
Kaio foi preso no momento exato em que descarregava pneus da caminhonete dele, os quais estavam sendo queimados sobre a rodovia, interrompendo o fluxo de veículos e o direito de ir e vir.
Segundo relatos de policiais rodoviários federais, pelo menos seis pessoas ajudavam carregar os materiais até a estrada para manter as chamas. O referido veículo foi identificado como sendo do agrônomo, que também estava no local do incêndio.
De acordo com a Justiça, também existem fortes indícios de que Kaio participa ativamente dos movimentos antidemocráticos em Sinop desde o resultado da última eleição presidencial.
Karina contou como foi a saga para chegar em casa e colocar Guilherme, de 10 meses, no respirador. — Foto: Reprodução/Instagram
O bloqueio na BR-163, em Sinop, fez com que a família de Guilherme, de 10 meses, vivesse um momento desespero. O bebê tem Atrofia Muscular Espinhal (AME), que causa a paralisia gradual do corpo, e tinha pressa para chegar em casa para que ele usasse o aparelho que o ajuda a respirar – e que não funciona à bateria.
“Comecei a chorar, a entrar em desespero, porque já estava na hora do Gui fazer a sessão dele. Eles falam que ambulância estava passando, mas como, se atearam fogo de fora à fora da rodovia? Eles estavam jogando pedras em quem tentava passar”, disse.
No fim da fila de carros, apesar de estarem com os documentos que comprovam a condição do Guilherme, decidiram desviar pelos municípios de Vera e Santa Carmem, como alguns motoristas orientaram.
No domingo, a PRF registrou bloqueios em ao menos quatro trechos da BR-163. Além de Sinop, os manifestantes golpistas atuaram em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Todos foram desmobilizados pelas equipes de segurança.