A mulher acusada de envenenar com bombons a ex-esposa e os filhos do então namorado, em Jaú (SP), foi condenada na noite desta quinta-feira (5) a 33 anos e 4 meses de prisão em regime fechado pelo crime de tentativa de homicídio contra as três vítimas, que sobreviveram ao ataque.
O G1 acompanhou a sessão do Tribunal do Júri, realizada no fórum da cidade e presidida pela juíza Carina Lucheta Carrara. O julgamento durou 12 horas e os jurados decidiram pela condenação – a decisão não foi unânime.
A sentença condenou Janaína Caldeira Nunes pelo crime de homicídio triplamente qualificado, praticado por motivo torpe (ciúme), meio cruel pelo uso do veneno e com dissimulação (uso de bombons com veneno supostamente enviados por um admirador e com flores).
Durante o julgamento, a primeira testemunha ouvida pelo Ministério Público e pela defesa foi Ana Camila Rosa, a mulher envenenada junto com seus filhos. Também prestaram depoimento o ex-companheiro da vítima e então namorado de Janaína, além de outras testemunhas.
Última a ser ouvida, Janaína Caldeira alegou arrependimento e, chorando, pediu “nova chance” aos jurados. A defesa apontou falhas no processo e tentou desclassificar a acusação, de homicídio tentado para lesão corporal.
Durante a fase de debates, o promotor Rogério Rocco Magalhães reforçou a tese da acusação de que houve premeditação e planejamento, com intenção de matar.
Janaína Caldeira, que aguardava o julgamento presa na Penitenciária de Araraquara, voltará para a unidade para cumprimento do restante da pena que recebeu do júri. A sentença negou o direito de recurso em liberdade.
O crime
No dia 28 de setembro de 2016, Janaína enviou bombons envenenados com chumbinho para casa da ex-mulher do seu então namorado. A entrega da encomenda, junto com flores e uma carta, foi feita por um mototaxista contratado por Janaína.
Além da mulher, os filhos dela, na época com 2 e 6 anos, passaram mal depois de comerem os bombons e tiveram que ser levados para a Santa Casa de Jaú.
A suspeita foi localizada e reconhecida pelo mototaxista. Ela prestou depoimento, mas não pôde ser presa por causa da legislação que prevê apenas prisões em flagrantes no período eleitoral.
Na delegacia, Janaína confessou o crime. Disse também que colocou chumbinho nos doces e enviou para casa da ex-mulher do então namorado e o ato teria sido motivado por ciúmes. A perícia não pôde analisar o conteúdo dos chocolates, porque a família comeu todos os doces.
Janaína só foi presa mais de um ano depois, em outubro de 2017 em Barra Bonita, quando teve a prisão preventiva decretada após a conclusão do inquérito policial. Desde então ela aguardava o julgamento presa na Penitenciária de Araraquara.