Uma nova cepa do vírus da dengue foi identificada em Mato Grosso, segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No estado foi identificado a circulação do genótipo do sorotipo II do vírus, mais conhecido como cosmopolita.
De acordo com a pesquisa, a cepa está presente na Ásia, no Oriente Médio e na África. No Brasil, o primeiro caso foi registrado em Goiás e, em seguida, foram identificados casos em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso.
No estado, a análise foi feita em parceria com o Laboratório Central de Mato Grosso (Lacen-MT). A equipe da Fiocruz recebeu, entre 5 e 10 de junho, 32 amostras com resultado positivo prévio para dengue.
Após sequenciamento utilizando a metodologia de nanoporos, do total de amostras analisadas, 29 corresponderam ao tipo DENV-1 genótipo V, cepa mais comum no estado, e três amostras corresponderam ao DENV-2 genótipo emergente de tipo II, a variante cosmopolita.
Os casos da variante são provenientes dos municípios de Cuiabá, Nortelândia e Sorriso. Para a pesquisa, também foram colhidos materiais nos municípios de Novo Mundo, Nova Maringá, Santo Antônio do Leverger, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde, Nova Santa Helena e Água Boa.
Segundo a Fiocruz, esta é a primeira detecção deste genótipo no estado.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) explica que a nova cepa é mais transmissível que as variantes que já circulam no estado, mas os cuidados preventivos a esse novo genótipo da dengue são os mesmos, como a limpeza dos quintais.
Para combater e prevenir os casos de dengue no estado, a SES-MT realiza a distribuição de insumos, como inseticidas e larvicidas utilizados como medida complementar ao controle do vetor, além de fazer o controle de qualidade na identificação das larvas encontradas e coletadas nos municípios.
Os casos de dengue em Mato Grosso aumentaram 158% entre janeiro e junho deste ano em comparação com o mesmo período de 2021. Neste ano já foram registrados 27.986 casos de dengue e no ano passado foram 10.806 notificações, por isso, o risco no estado é considerado alto.
Em relação ao número de mortes, neste ano foram confirmadas 13 óbitos pela dengue e outras quatro estão em investigação. já no ano passado foram sete mortes e um em investigação.
Em Cuiabá foram registrados 578 notificações no mesmo período analisado e em 2021, foram 464 casos.
Em Várzea Grande, região metropolitana da capital, houve uma queda no número de casos. Foram registrados 142 notificações neste ano e 152, em 2021.
O vírus da dengue é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos. Cada um pode ser subdividido em diversas linhagens.
O genótipo II, o cosmopolita, é uma das seis linhagens do sorotipo 2.
A dengue, de modo geral, causa febre, náuseas, desidratação, dor abdominal, irritação da pele, dor de cabeça e dor ao redor dos olhos.
Além da dengue, o Aedes aegypti também é transmissor da Chikungunya e do Zika Vírus.
Mosquito Aedes aegypti é o tranmissor da zika, dengue e chikungunya. — Foto: Rodrigo Méxas e Raquel Portugal/Fundação Oswaldo Cruz/Divulgação
Em Mato Grosso, foram confirmados 254 casos de chikungunya entre janeiro e junho deste ano. No ano passado foram 115. Com isso, houve um aumento de 120% nas notificações da doença.
Em Cuiabá foram registrados 16 casos neste ano e quatro em 2021.
Já os casos de zika vírus no estado tiveram 162 registros neste ano e 139 em 2021. Em Mato Grosso houve um aumento de 16% em comparação com o ano passado.
Na capital foram confirmados seis casos de zika em 2022 e dois no ano passado.