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Sábado, 16 de Março de 2024 09:08

Saiba quais eram as funções dos advogados presos por integrarem "braço jurídico" de lideres de facção em Sorriso, Ipiranga, Itanhangá, e outras 2 cidades

Segundo relatório da Polícia Civil de Tapurah, o advogado Roberto Luís de Oliveira é o líder do "braço jurídico" que dava apoio às ações da facção Comando Vermelho em municípios do Nortão de Mato Grosso. Ele foi preso na terça-feira (12.03), no âmbito da Operação Gravatas, junto com outros três advogados: Hingritty Borges Mingotti, Tallis de Lara Evangelista e Jéssica Daiane Maróstica, além do policial militar Leonardo Qualio.

Narra o relatório que os advogados se uniram a Tiago Teles, Robson Junior Jardim dos Santos e Paulo Henrique Campos Aguiar, apontados como os líderes da facção nas cidades de Tapurah, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã e de boa parte de Sorriso. Roberto Luís seria aquele que mais se comunicava com as lideranças presas da organização criminosa.

"A investigação aponta que o Dr. Roberto Luis de Oliveira exerce papel de liderança frente aos outros advogados, haja vista que ele é o responsável por ter maior contato com Robson Júnior e Tiago Telles e, também, por definir a melhor forma de atuação dos causídicos em prol do crime organizado", diz o documento que consta nos autos do processo e que é assinado pelo delegado Guilherme Pompeo.

Juntos, advogado, faccionados e policial militar obtiveram vantagem de natureza financeira, jurídica e outras, mediante a prática de diversas infrações penais, tais como o tráfico ilícito de drogas, associação ao tráfico de ilícito de drogas, torturas, dentre outras. O documento ainda revela que cada advogado tinha um papel definido dentro da estrutura da organização criminosa.

Roberto Luís era o responsável por acompanhar as audiências de custódia e/ou de instrução dos faccionados que eram presos em flagrantes ou que estivessem respondendo processo criminal. Ele também fazia as vezes de cobrador da facção, já que ele chegou a ser escalado pela liderança para cobrar dívidas de um faccionado preso que possuía dívidas com a facção.

Roberto Luís ainda seria o responsável por transmitir mensagens das lideranças da facção para os faccionados e vice-versa. Descrito como um "pombo-correio" a serviço da facção, Roberto avisava quando estaria em alguma unidade prisional e perguntava às lideranças se tinham alguma mensagem para algum preso. Em um caso, ele chega a orientar um faccionado preso a não passar mais informações para a polícia e a dizer que foi torturado para confessar o crime.

Segundo o relatório, Roberto Luís ainda era o responsável por arregimentar pessoas para "emprestarem" suas contas bancárias para os faccionados realizarem movimentações bancárias. Também há registros de que o advogado emprestava sua conta pessoal para lavagem de dinheiro.

Conforme o relatório, Tallis de Lara Evangelista era o responsável por atender as audiências de custódia e de instrução dos faccionados. O relatório também cita episódios em que ele entrou em contato com as vítimas de sequestro e tortura praticados pela facção, além de ajudar as lideranças do Comando Vermelho a acessar informações sigilosas de processos que nada tinham relação com seus clientes.

Já a advogada Jéssica Daiane Maróstica seria a incumbida do acompanhamento processual dos faccionados. O relatório policial mostra o momento em que ela atende uma determinação para colher informações sobre o histórico criminal de três pessoas que são mantidas reféns por membros da facção, que desconfiavam que eles pertenciam a algum grupo rival. No fim das contas, nenhum dos homens sequestrados tinha passagens criminais no estado da Bahia.

Consta no relatório que a advogada recebeu em sua conta pessoa dinheiro para pagar a fiança de um faccionado. Além disso, ela sabia que tinha sido contratada para atender os integrantes da facção nas cidades de Itanhangá e Tapurah.

A advogada Hingritty Borges Mingotti atuava como correspondente porque mora em Itanhangá e servia como "ponte" entre os presos e Roberto Luís, bem como entre os presos e as lideranças da facção, visto que ela costumava frequentar pessoalmente a Delegacia de Tapurah.

Em um episódio, Hingritty teve acesso a uma ordem de busca e apreensão de forma antecipada e ilegal, fazendo com que o alvo estivesse preparado para quando a polícia chegasse em seu endereço. Em uma situação em que uma mulher foi presa em flagrante por tráfico de drogas, Hingritty recebeu a missão de orientar o filho dessa mulher, que é menor de idade, a assumir a responsabilidade pelo crime.

Hingritty ainda teria ajudado faccionados a recuperar armas, munições e dinamite que haviam sido escondidos em razão de uma ordem de busca e apreensão. Conforme o relatório da Polícia Civil, "Hingritty não atuou como Advogada, mas sim como verdadeira criminosa ao intermediar a retirada dos citados objetos"

Fonte: Repórter MT

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