Um dos alvos da Operação Cartão-Postal, a secretária de Saúde de Sinop (500 km ao norte de Cuiabá), Daniela Galhardo, foi afastada do cargo na manhã desta quinta-feira (19). Polícia Civil investiga uma organização criminosa instalada na pasta e fraudes nos contratos. Estima-se que a quadrilha causou mais de R$ 87 milhões de prejuízo. Daniela foi alvo apenas de busca e apreensão.
Em coletiva de imprensa, o prefeito Roberto Dorner (Republicanos) afirmou que, apesar de ter sido pego de surpresa com a operação, ele está tranquilo. “Voltei de Sorriso para dar uma resposta à população. Nos afastamos a secretária do cargo para que a investigação seja feita. Estamos tranquilos e nós não devemos nada. Confio nos servidores e nos secretários, até que provem ao contrário”, disse.
Ele afirma ainda que não vai aceitar atos de corrupção em sua gestão e que, caso seja comprovada as fraudes investigadas, os envolvidos vão “pagar pelos seus atos”. Outro alvo da operação o Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP), empresa contratada que presta serviços na UPA da cidade. Justiça determinou suspensão dos trabalhos realizados por eles.
Sobre a IGPP, Dorner afirmou que vai esperar a investigação apontar se houve ou não corrupção para depois tomar uma providência, não descartando o afastamento da empresa das ações desenvolvidas na saúde.
Assessoria da PJC aponta que são 34 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas. Polícia cumpre ainda 32 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop e em Praia Grande e São Vicente, em São Paulo.
Em Cuiabá foram presos o ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues, e o advogado Hugo Castilho.
Operação
Conforme divulgado, Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) apontou que há, desde junho de 2022, uma organização criminosa instalada e atuante na pasta.
A organização é bem estruturada, com clara hierarquia, divisão de tarefas entre os componentes e com “sofisticado esquema de atuação em conexão com o Poder Público Municipal”, aponta a Deccor.
O esquema consiste em fraudar as prestações dos serviços de saúde da cidade, para ter lucro e realizar os repasses para os líderes do esquema.
A organização social tem sido ajustada para continuar na prestação do serviço, sendo alterada várias vezes em sua composição, no mesmo período que disputava a dispensa de licitação para assumir as atividades entre maio e junho de 2022.
Foi apontado ainda que a mesma organização venceu novas dispensas ocorridas entre outubro e novembro de 2022 e abril e maio de 2023, dando continuidade aos trabalhos na cidade até a presente data.