A Assembleia Geral de Credores da Agropecuária Irmãos Picinin aprovou, no início de fevereiro, o plano de recuperação do grupo que atua no ramo do agronegócio na região Norte do Estado. O processo de recuperação judicial do grupo, que tem como principal empresa a Algodoeira Vale do Tartaruga, foi apresentado pelo advogado Antônio Frange Junior e tramitou na 4ª Vara Cível de Sinop.
O grupo havia apresentado dívidas na ordem de R$ 239 milhões. A maior parte dela, cerca de 90%, com bancos e traddings.
O plano foi aprovado com deságio de 80% do valor total da dívida. Ou seja, serão pagos aproximadamente R$ 48 milhões. Alguns dos débitos foram parcelados em até 15 anos.
"Podemos considerar que todo processo foi um sucesso. O produtor conseguiu estancar custos de financiamentos que estavam muito altos e agora vai conseguir, além de reorganizar suas finanças, crescer, gerar postos de trabalho, renda e impostos ao Estado", destacou Frange.
O advogado citou que ficou comprovada a viabilidade do plano para pagamento das dívidas e a continuidade da operação da empresa. "Mostramos que o momento de dificuldade era passageiro, que a atividade agrícola foi o que segurou a economia brasileira durante a pandemia. Com as considerações, apresentou-se um plano viável para os credores e para a empresa também se reerguer", explicou Frange.
Para se ter ideia da importância da recuperação judicial, quando ingressou com pedido de recuperação judicial a Irmãos Piccinin tinha 32 funcionários na lista de credores. Todos aprovaram a proposta da empresa, que já conseguiu ampliar o número de funcionários diante da reorganização econômica que a empresa vem passando.
"É um efeito cascata. Quando a empresa vai bem, além de produzir mais, gera emprego, movimenta o comércio local e a economia como um todo. Por isso, a recuperação é importante, pois não beneficia apenas o produtor ou empresário, mas a classe trabalhadora e a região como um todo", avaliou o advogado Tarcísio Tonhá, integrante da Frange Advogados.
Irmãos Picinin
Moacir Picinin foi um dos homens que, há cerca de quatro décadas, enxergou em Mato Grosso uma terra promissora. Ele e seu irmão Valdir investiram no cultivo de soja no município de Sorriso, que hoje é exaltado como um dos maiores polos de produção do grão no mundo, superando, inclusive, países como a França. Mas, quando chegaram, a situação era diferente. Foi necessário muito investimento e busca de crédito para poder produzir.
A grande recessão de 2014 foi de grande impacto para o setor e, então, os irmãos passaram a investir na produção de algodão como forma de superar os efeitos da crise econômica que se arrastou até meados de 2017.
A diversificação demandou grande investimento e, mais uma vez, os empresários se viram em meio a uma nova crise que, desta vez, afetou o mundo inteiro. Os efeitos da pandemia provocada pela Covid-19 e a alta do dólar fizeram com que as dívidas acumuladas para a manutenção dos negócios se tornassem insustentáveis.