O prefeito de Sorriso, Ari Lafin, se manifestou nesta segunda-feira (06.05) sobre o vazamento do acordo de não persecução penal firmado por ele, e outros três servidores municipais, o qual pôs fim a uma investigação preliminar conduzida pelo Núcleo de Ações de Competência Originárias (Naco) do Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
Ari firmou o acordo de não persecução penal com o Ministério Público do Estado (MPE) e deve pagar R$ 200 mil para não ser processado por associação criminosa. O caso é referente à cobrança de valores mensais dos servidores comissionados da prefeitura, como uma espécie de rachadinha no Executivo.
O procedimento tramitava em sigilo de justiça, mas acabou sendo acessado ilegalmente e, posteriormente, vazado para vários meios de comunicação do estado.
“Como parte do processo, eu estava impedido de revelar o conteúdo do acordo. Todavia, diante do vazamento, me sinto na obrigação de vir a público para esclarecer os pontos controvertidos e rebater eventuais especulações políticas”, afirmou o gestor em entrevista concedida à imprensa.
Segundo Lafin, a investigação teve início em 2021 com base em uma denúncia anônima que apontava a existência de um suposto esquema de “rachadinha” entre membros do Poder Executivo.
“Faço questão de repetir tudo o que disse à época e que foi tomado a termo pelo Ministério Público. Tínhamos um grupo de amigos que se reunia para jogar futebol e nos confraternizarmos. Como eram muitas pessoas, e eu não tinha condições de arcar com a despesa sozinho, lembro que alguém propôs uma vaquinha entre amigos o que foi de pronto aceita por todo mundo. Ocorre que três anos depois veio o período eleitoral, e na política tem aquela coisa de que o amigo de hoje pode se tornar o inimigo de amanhã”, contextualiza.
Lafin relembra que o grupo era composto por cerca de 40 pessoas. Sendo que cada uma delas se comprometeu a repassar voluntariamente R$ 200 mensais. Inicialmente ficou acordado que o valor arrecadado seria usado para custear gastos com os encontros, mas parte dele teve finalidade diversa como o pagamento de tratamento de saúde para dois membros do grupo diagnosticados com câncer e para quitar algumas multas aplicadas a coligação política pela Justiça Eleitoral.
“A arrecadação de recursos para o custeio de atividades recreativas é algo plenamente possível. Nosso erro foi não instituir uma associação ou algo nesse sentido para regulamentar a entrada e saída desses valores.
Reconheço que talvez tenha sido ingênuo por não me atentar a essa formalidade, mas jamais permitirei que chamem de corrupto. Até mesmo porque não existiu dolo e nem prejuízo aos cofres públicos. Esse também foi o entendimento dos promotores de Justiça, caso contrário eles não teriam proposto o acordo”, disse Lafin ao reiterar a confiança nos órgãos fiscalizadores e de controle do estado de Mato Grosso.
“Reafirmo que nosso erro foi o de unicamente não ter regulamentado uma associação. Nunca existiu essa coisa de desvio de recurso público como chegou a ser ventilado à sociedade sorrisense. Quanto ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, minha confiança e respeito a ambas instituições seguem inabaladas”, explica o gestor ao confidenciar que a experiência alterou a forma de gerir a coisa pública e sua vida privada.
“A partir do momento que fui intimado que precisaria me defender dessa denúncia estapafúrdia, convoquei todos os secretários e solicitei a suspensão de toda e qualquer confraternização promovida por eles. Nem amigo secreto fazemos mais para evitar que situações como essa se repitam”, concluiu.