Após repercussão negativa de uma possível omissão da secretaria de educação no caso do professor preso por supostos abusos sexuais a estudantes da 6ª e 7ª série de uma escola municipal, o vereador e presidente da Câmara de Sorriso Iago Mella protocolou o afastamento da secretária Lúcia Drechsler da secretaria de educação.
Segundo Iago, ele conversou com os delegados e há indícios fortes de omissão nos casos de abusos por parte da secretária e dos diretores das escolas. Mães também procuraram outros vereadores para relataram que suas filhas estavam passando por abusos e foram orientadas a não procurarem a polícia, porque a escola e a secretaria de educação já estavam cuidando do caso.
” Na mínima suspeita de abusos as autoridades tinham o dever de procurar a polícia para relatarem o que tinha chegado até ela. ” A secretária tinha informação de abusos, até porque ela tirou o professor de Primaverinha e trouxa para Sorriso, ao invés de afastar este funcionário e isso fez com que ele se sentisse acolhido e seguro para cometer outros abusos“, ressaltou Iago.
“Não podemos admitir que uma pessoa que sabia das denúncias de abusos, tinha o dever de prezar pela segurança e integridade de crianças, não fez nada, fechou os olhos, preferiu o corporativismo a fazer o que era certo e denunciar um abusador de crianças. Pedi para os pais não fazerem nada porque iriam dar um jeitinho, é um absurdo, uma covardia, temos que ter tolerância zero com este tipo de crime”, ressaltou Iago.
O delegado Eugênio Rudy, em entrevista, disse que vai investigar o porquê de um funcionário público saber de abusos contra as alunas e crianças e não relatar o caso a polícia, já que tem obrigação de denunciar para que as autoridades afastem o abusador do local.
O Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região afirmou, nesta terça-feira (13), que o funcionário de biblioteca de uma escola municipal em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, que foi preso suspeito de estupro de vulnerável contra oito crianças, trabalhava de forma irregular na unidade porque não tinha registro profissional no conselho.
A princípio, a Polícia Civil havia informado que o suspeito atuava como bibliotecário no colégio.
O conselho ainda disse que irá solicitar esclarecimentos à prefeitura do município a respeito da atuação do profissional na escola.
“O exercício da profissão de bibliotecário está sob a supervisão do Código de Ética e Deontologia do Bibliotecário Brasileiro, que estabelece princípios intransponíveis como a legalidade e a dignidade profissional”, disse, em nota.
O conselho também lamentou o caso e disse que repudia de forma veemente todo tipo de violência sexual, sobretudo àquelas cometidas contra crianças, jovens e mulheres, e espera que os eventuais culpados sejam julgados de acordo com a lei.
Entenda o caso
As investigações começaram após o Núcleo de Defesa da Mulher, Criança e Adolescente, da Delegacia de Sorriso, instaurar um inquérito no início do mês para apurar os fatos em uma escola municipal.
A Prefeitura de Sorriso informou, por meio de nota, que orientou aos pais que registrassem boletim de ocorrência contra o suspeito e, que no dia 2 deste mês, a Secretária Municipal de Educação denunciou o caso à Polícia Civil, ao Conselho Tutelar e Ministério Público.
Segundo a prefeitura, foi determinado o afastamento do servidor, e instaurado uma sindicância para apurar os fatos. No mesmo dia, o suspeito pediu exoneração do cargo.
Segundo a Polícia Civil, o homem é professor, mas trabalhava na biblioteca da escola.
A delegacia foi acionada pelo Conselho Tutelar sobre os atos cometidos pelo professor. A mãe de uma aluna procurou a direção da escola e disse que o professor havia passado a mão pelo corpo da criança, de nove anos.
Depois, boletins de ocorrência narrando os atos criminosos do professor foram registrados na delegacia. No decorrer da apuração, a polícia coletou depoimentos das vítimas, todas ouvidas em escutas especializadas com uma psicóloga, que apontaram os atos cometidos pelo investigado.
Segundo a polícia, diversas alunas narraram que se sentiam constrangidas em ter aulas com o professor porque ele as tocava fisicamente de maneira desrespeitosa. Além disso, ele ameaçou as vítimas caso relatassem o que ocorria.
Uma vítima relatou à polícia que o professor, passou as mãos no corpo dela na fila do lanche, em público, como já teria feito com outras crianças e adolescentes da escola, de acordo com a Polícia Civil.
A Polícia Civil informou que, provavelmente, existam mais vítimas, que serão ouvidas posteriormente.
O homem foi preso no momento em que estava na prefeitura fazendo a rescisão do trabalho.
Assessoria com JKNOTICIAS