O padrasto acusado de agredir o enteado, de 22 anos, por ele publicar nas redes sociais um meme contra o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) terá que ficar afastado do jovem, após uma medida cautelar. O pedido foi feito pela delegada Jéssica Assis, da Polícia Civil e o caso ocorreu no dia 7 de setembro em Sorriso (420 km de Cuiabá).
"Neste caso aconteceu o que a gente chama um delito de vias de fato. Não houve lesão corporal porque não deixou marca no corpo da vítima e nós da Polícia Civil representamos por uma medida cautelar de afastamento para que esse padrasto não se aproxime do enteado por um período determinado, enquanto transcorre as investigações, para resguardar a integridade física e ideológica também", explicou Jéssica em coletiva de imprensa.
O padrasto seria apoiador de Bolsonaro, enquanto o enteado apoia o expresidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) e se queixava da implicância do mesmo há dias. Contudo, apenas no Sete de Setembro, data simbólica para
apoiadores do presidente, é que os nervos aumentaram e os dois foram para as vias de fato.
No dia da agressão, o jovem estava com a namorada e a mãe. Foram as duas que o ajudaram a escapar dos ataques do padrasto.
Neste momento, inclusive, a companheira também foi agredida com um empurrão. "É importante destacar que o motivo foi a intolerância. Não importa o candidato que cada um apoia, poderia ser uma situação inversa. O que tá na raiz desse tipo de situação é a intolerância, falta de saber conviver com a pluralidade de ideias, que é fundamental, não importa qual seja o posicionamento político da pessoa", pontuou a delegada.
ONDA DE INTOLERÂNCIA
Este não é o primeiro caso de intolerância política em Mato Grosso. Ainda em setembro, Rafael da Silva de Oliveira, de 24 anos, matou seu colega de trabalho, Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos, com 70 golpes de faca e machado em uma fazenda de Confresa (1.160 km de Cuiabá). Segundo a Polícia Civil, Benedito deu um soco no rosto de Rafael que pegou uma faca e o esfaqueou 70 vezes, como apontou o exame de necropsia, posteriormente. "O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro", disse o delegado Victor Oliveira, durante as investigações. A delegada pontua ainda que durante as eleições, no domingo (2), todo efetivo da Polícia Civil estará trabalhando nas ruas, em conjunto com a Polícia Federal, para ajudar a coibir os crimes eleitorais relacionados ao processo de voto, além dos crimes comuns.