A jovem Valéria de Melo, que foi maltratada no Hospital Regional de Sorriso, procurou a delegacia para denunciar o hospital e também a médica que atendeu a jovem. Ela relatou aos policiais tudo que ele enfrentou no dia 5 de junho quando deu entrada no HRS após sua bolsa estourar.
Segunda jovem, as enfermeiras e a médica deixaram-na esperando até 5h00 da manhã do dia 06/06, mas enquanto ela não era atendida, aos enfermeiros ficavam passando pelo corredor soltando piadinhas, dizendo que na hora de fazer estava bom e que ela teria que ficar quieta para não incomodar outras pessoas. A jovem que não aguentava mais de dor, em um certo momento pegou na mão de uma enfermeira, e esta enfermeira disse que não tinha nada a ver com a dor dela.
Valéria relata ter somente foi levada para sala de parto quando constataram que o coração da criança estava com batidas fracas, momento em que se desesperaram e começaram os atendimento.
Ainda segundo Valéria o parto foi forçado de modo não adequado e que durante o parto rasgaram suas partes íntimas (vagina) e ainda deixaram toda roxa.
Reproduzida em 8 de junho (sexta-feira), a postagem viralizou nas redes sociais e neste sábado (11) já somava mais de 1,8 mil comentários e outros 1,7 mil compartilhamentos. (Veja AQUI).
Em um vídeo com duração de 12 segundos, Valéria de Mello aparece segurando o filho recém-nascido no colo. Nitidamente abatida, a mulher apresenta uma forte vermelhidão em ambos os olhos.
A gravação foi feita pelo marido da puérpera, o trabalhador rural Ronaldo Francisco. O casal reside no Distrito de Entre Rios, localizado a 150 quilômetros do perímetro urbano de Nova Ubiratã, e foram encaminhados pela secretaria de saúde do município de origem.
“Venho por meio desse vídeo demonstrar meu repúdio e desespero por saber quão frágil nós somos”, escreveu ele na legenda.
Em tom de desabafo, o marido narrou com detalhes o trauma vivenciado pela esposa desde o primeiro dia em que foi atendida na unidade hospitalar, em 1º de junho.
Segundo Ronaldo, mesmo sendo constatada que a esposa apresentava início de dilatação e contratações, ela teria sido medicada e liberada pelo médico plantonista.
Três dias depois, no início da manhã, o casal retornou ao hospital e, apesar de reclamar de fortes dores, Valéria novamente foi medicada e aconselhada a retornar para casa. A mulher só conseguiu internamento por volta das 23h.
“Ela ficou em um quarto, sem acompanhante, pois minha sogra foi impedida de estar ao lado da filha. No momento em que minha esposa entrou em trabalho de parto uma das enfermeiras disse para ela ficar quieta, pois quando estava fazendo [o bebê] estava bom, né?”, escreveu o marido.
“Daí o senhor meu Deus enviou outra enfermeira para verificar os batimentos do meu filho (...). Minha esposa foi levada às pressas para sala de parto onde com muito desprezo por sua profissão, uma médica demonstrando nojo deixava claro que não deveria estar lidando com vidas (sic), dizia trecho da postagem.
Ainda de acordo com o homem, diante da gravidade, os profissionais de saúde “forçaram” o parto do bebê.
“Todos que tiveram a infelicidade de ter sofrido maus-tratos no Hospital Regional de Sorriso, ou em qualquer outro local, denunciem e não deixem isso acontecer sem que os outros saibam”, concluiu.
“O momento que era ser o mais feliz da minha vida se tornou o pior, mas ainda assim, sigo grata a Deus pela vida do meu filho e pela minha (sic), escreveu Valéria.
Violência obstétrica é um termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde na hora do parto. Tais abusos podem ser apresentados como violência física ou psicológica e são responsáveis por tornar um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher em um momento traumático.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) instaurou uma sindicância nesta terça-feira (21) para apurar se o Hospital Regional de Sorriso praticou violência obstétrica contra a gestante Valeria de Melo, de 17 anos, após ela dar seguidas entradas na unidade de saúde em dias diferentes com fortes contrações e mesmo assim receber alta da equipe médica. O caso foi denunciado no último dia 8 de junho por Ronaldo Francisco, esposo de Valeria, em uma postagem em sua rede social.